No silêncio da casa, o homem caminha A dor no peito, a morte que se aninha Ela se foi, a mulher amada Mas no fundo do porão, a verdade é sagrada Com a picareta, ele cava o chão, Rosto de um assoreio, alma em aflição A divindade, lá embaixo, espera, Ela se alimenta da noite que impera Traga mais almas, traga mais dor, Centenas de vidas, alimenta meu clamor No porão ela dorme, mas só acorda Quando cem corpos caírem na sombra! Com os olhos vazios, ele vai à caça No seu uniforme, a alma disfarçada Cada golpe da picareta é um passo no abismo A morte no olhar, ele sabe o que é o exorcismo Não há como fugir, não há mais o que fazer A divindade exige, ele tem que obedecer A mulher que ele amava, agora é lembrança A carne é fraca, mas a alma avança Traga mais almas, traga mais dor, Centenas de vidas, alimenta meu clamor No porão ela dorme, mas só acorda Quando cem corpos caírem na sombra! E ele desce, no escuro sem fim Cada alma que traz é um peso pra si O grito que ecoa no frio do porão A carne que se desfaz, sem redenção A terra se move, ele ouve os sussurros A divindade cresce, suga os murmúrios Mas o homem, em sua jornada sem volta Sabe que ao fim, será ele a última conta Traga mais almas, traga mais dor, Centenas de vidas, alimenta meu clamor No porão ela dorme, mas só acorda Quando cem corpos caírem na sombra! E quando a última alma chegar, o homem cai Ele será o próximo a virar cinza no raiar O porão em silêncio, o pacto se fecha Cem almas devoradas, a escuridão que protege.

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